Palestra de Mara Weber marca o terceiro dia da programação contra o assédio
Evento, que ocorreu de forma híbrida na manhã desta quarta-feira (07), faz parte da Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação, instituída pelo Conselho Nacional de Justiça.

"O impacto do assédio na qualidade de vida das trabalhadoras e trabalhadores da Justiça" foi o tema da palestra proferida pela administradora pública Mara Weber nesta quarta-feira (07), no Plenário Antônio Koury, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE do Pará). O evento, que também teve transmissão ao vivo pelo canal oficial do TRE do Pará no YouTube, fez parte do terceiro dia de programação da Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação, instituída pelo Conselho Nacional de Justiça, por meio da Resolução CNJ nº 450/2022.
A mesa de abertura foi composta pelo diretor-geral do TRE do Pará em exercício e secretário de Tecnologia da Informação, Felipe Brito, e pela servidora Keyllaff Miranda, representante do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal dos Estados do Pará e Amapá (SINDJUF - PA/AP).
A programação da Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação foi organizada, conjuntamente, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE do Pará), Escola Judicial do Poder Judiciário do Estado do Pará (EJPA), Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) e Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8), bem como os Tribunais Regionais Eleitorais do Amapá e do Acre e o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal dos Estados do Pará e Amapá (SINDJUF - PA/AP).
O diretor-geral substituto lembrou que já foi vítima de assédio moral no trabalho e ressaltou a importância do evento como um momento de reflexão, tanto para quem pratica o ato criminoso quanto para quem é vítima. “Eu já sofri com assédio, busquei ajuda e tive a solução desse problema. Então espero que, hoje, as pessoas que estão sofrendo também busquem apoio junto às instâncias, e as pessoas que praticam o assédio que possam internalizar e repensar suas atitudes e agir de maneira diferente”, afirmou Felipe Brito.
Keyllaff Miranda, representante do SINDJUF - PA/AP, disse que o sistema de opressão no ambiente laboral é complexo e multifacetado e que é preciso de uma mudança na forma de entender o problema para enfrentar o medo que o assédio provoca, seja ele moral ou sexual. “Infelizmente, o assédio se apresenta como algo cultural, onde as atitudes discriminatórias e humilhantes são reproduzidas de forma inconsciente. Por isso é preciso incentivar o encorajamento nas pessoas para que a gente possa criar ambientes mais saudáveis, onde haja respeito nas relações de trabalho”, disse.
Em sua palestra, Mara Weber destacou que as práticas criminosas nos locais de trabalho são inerentes ao Neoliberalismo que, baseado na competitividade e na livre concorrência, bem como na diminuição do papel do Estado na economia, leva o (a) trabalhador a se sujeitar a jornadas extensivas de trabalho e ter disponibilidade total a serviço da empresa e da chefia - mesmo durante a folga, criando, assim, um terreno fértil para o assédio e a discriminação.
Aposentada do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) e ex-dirigente da Federação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Judiciário Federal e Ministério Público da União (FENAJUFE), Mara Weber disse ainda que, para encerrar o ciclo da violência simbólica no ambiente de trabalho, é necessário mudar a escolha do perfil dos líderes e incentivar a empatia e a escuta de quem sofre. “Algumas pessoas são más e o sistema empodera gente com perfil malvado. Mas nós precisamos de pessoas que saibam se colocar no lugar do outro. E, para isso, a escuta é a parte importante do processo”, disse a palestrante.
Mara Weber também é coordenadora de pesquisa sobre saúde do trabalhador e assédio pela FENAJUFE e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União no Rio Grande do Sul (SINTRAJUFE/RS).
SEMANA - O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu a Semana de Combate ao Assédio e à Discriminação por meio da Resolução CNJ nº 450/2022 e, desde então, os Tribunais de todo o país realizam iniciativas diversificadas, como rodas de conversa, treinamentos e produção de conteúdo, com o objetivo de orientar as equipes sobre a importância do combate ao assédio moral e sexual, e à discriminação no local de trabalho.
Texto: Lidyane Albim - ASCOM / TRE do Pará.
Fotos: Leonardo Moraes - ASCOM / TRE do Pará.