As pessoas que atuam no Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE do Pará) foram convidadas nesta segunda-feira, 30, a participar de uma reflexão sobre o racismo, por meio da palestra "Fundamento do Letramento Racial", proferida pela professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Sandra Guimarães. Com graduação em Filosofia, Psicologia e Direito, a palestrante possui mestrado e doutorado em Sociologia e coordena o Projeto de Letramento Racial.

A atividade foi promovida pela Comissão de Promoção à Equidade Racial, presidida pela juíza eleitoral da 1ª ZE, Andrea Bispo, em parceria da Escola Judiciária Eleitoral (EJE) e Assessoria de Cerimonial do TRE do Pará.

O evento contou com a presença de representantes do Pacto Interinstitucional Pró-equidade Racial e foi aberto pelo diretor-geral do Tribunal, Bruno Almeida, que reforçou a necessidade de se refletir sobre essa questão. "O racismo é um tema forte, urgente e necessário, e não dá mais para se esconder atrás do conforto da ignorância. É preciso falar do racismo aqui, porque a Justiça Eleitoral só faz sentido se for de fato para todos, sem exceções", disse.

Em seguida, o secretário da Comissão, Márcio Rodrigues, fez uma breve apresentação do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo grupo. "O Tribunal já vem realizando várias ações voltadas para o combate ao racismo, mas a Comissão foi instalada recentemente, no mês de maio deste ano, e desde então estamos trabalhando com várias ações, sendo uma delas a reunião do Pacto Interinstitucional, da qual participamos”, destacou ele, antes de apresentar a palestrante.

A professora e pesquisadora Sandra Guimarães iniciou a palestra falando sobre a necessidade de uma mudança de mentalidade quando se fala do racismo e exibiu um vídeo sobre o tema produzido pelo Ministério Público da Bahia.

Ao longo da palestra, ela abordou diversos conceitos para fazer o público presente entender melhor os conceitos que orbitam em torno do racismo, como a chamada "democracia racial". “Essa tese foi popularizada por Gilberto Freyre, e foi utilizada para descrever uma suposta harmonia racial no Brasil, resultado da miscigenação e da ausência de segregação racial como nos Estados Unidos. No entanto, ela é uma falácia porque o racismo existe sim aqui no Brasil. O nosso Apartheid é social", avaliou.

A palestrante apresentou ainda os tipos de racismo existentes e destacou a necessidade de eventos como este no trabalho de combate ao racismo e a discriminação. “Parabenizo a iniciativa do TRE do Pará por essa iniciativa que é de suma importância porque possibilita a capacitação das pessoas sobre as formas de manifestação do racismo. Essa é uma atividade que precisa ser difundida em outra instituição, porque o racismo é estruturante, estrutural na sociedade brasileira”, enfatizou.

Texto: Alexandra Cavalcanti / Ascom TRE do Pará.

Fotos: Thalles Puget / Ascom TRE do Pará.