TRE do Pará debateu aspectos históricos e atuais da participação feminina na política
O evento foi promovido pelo Tribunal, por meio de sua Comissão de Incentivo à Participação Feminina na Política.

Um dos assuntos que mais vem gerando debates nos últimos tempos foi tema do evento realizado na manhã da quarta-feira (18), na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE do Pará): “Mulheres na Política: Aspectos Históricos e Atuais”. O assunto e seus desdobramentos foram debatidos por especialistas com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para questões como o fato de, apesar de serem a maioria entre o eleitorado, cerca de 53%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a mulheres continuam sendo a minoria nos cargos de representação. Nos últimos 195 anos, a Câmara dos Deputados, por exemplo, teve 7.333 deputados, incluindo suplentes. Ou seja, apesar de conquistarem o direito de serem eleitas em 1933, as mulheres ocuparam somente 266 cadeiras nestes quase 90 anos.
O evento foi promovido pelo TRE do Pará, por meio da Comissão de Incentivo à Participação Feminina na Política (CIPF), com a participação das palestrantes Karen Santos Simão, cientista política; Nathalia Mariel, procuradora da República e vice coordenadora Grupo de Trabalho da Procuradoria Geral Eleitoral GT/PGE de Violência Política de Gênero; Maíra Domingues, cientista política e chefe de cartório da 01ª Zona Eleitoral de Belém; Bianca Gonçalves e Silva, advogada, pós-graduada em Direito Eleitoral e pesquisadora vinculada ao Observatório Eleitoral e Juliana Sesconetto, membra fundadora do TSE Mulheres.
Os debates foram conduzidos pela supervisora dos trabalhos da CIPF e membra da Corte Eleitoral, juíza Rosa Navegantes de Oliveira, que fez um panorama da situação da mulher na polícia no Brasil, destacando alguns pontos. “A mulher a passos curtos vem ganhando um pouco mais de espaço na política. Sabemos que essa participação é fundamental para a democracia. Mas sabemos também, por outro lado, que o Brasil está entre os piores países do mundo em número de mulheres participando de cargos eletivos”, informou.
A membra fundadora do TSE Mulheres, Juliana Sesconetto, apresentou alguns números atuais sobre a participação das mulheres na política no país. “Atualmente, a cidade de Palmas, no Tocantins, é a única capital comandada por uma prefeita no Brasil. Em todo o país, foram escolhidas, nas Eleições Municipais de 2020, 666 mulheres para comandar prefeituras, em um universo de 5.463 eleitos. Isso representa cerca de 12% do total de eleitos. Já para as câmaras municipais, foram 9.277 vereadoras eleitas (16%), contra 48.265 vereadores (84%)”, destacou.
De acordo com ela, esses números colocam o Brasil em uma posição desfavorável em quando o assunto é a representação feminina na política, ocupando a 142ª posição entre 191 nações citadas no mapa global de mulheres na política da Organização das Nações Unidas (ONU).
A cientista política Maíra Domingues ressaltou que uma das questões que interferem diretamente na participação das mulheres na política ainda é a violência. “São diversas as formas de violência praticadas contra as melhores, por isso é importante entendermos a violência de gênero para então chegarmos a violência na política”, informou.
A procuradora da República e vice coordenadora Grupo de Trabalho da Procuradoria Geral Eleitoral de Violência Política de Gênero, Nathalia Mariel, fez questão de reforçar a importância de eventos como o promovido pela CIPF. “Quanto mais falarmos sobre esse tema, mais vamos colocar esse assunto em evidência”, disse.
A advogada Bianca Gonçalves e Silva, pós-graduada em Direito Eleitoral, falou sobre cotas e prestação de contas, mas sem deixar de mencionar a questão da violência na política. “Temos que ter em mente que as candidaturas fictícias são uma violência de gênero”, ressaltou.
A cientista política Karen Santos Simão levou para o evento dados relacionados à política de cota e paridade. “O Observatório de Igualdade de Gênero traz vários indicadores que mostram a posição de desvantagem das mulheres em relação aos homens”, destacou.
Ao final do evento, as perguntas foram abertas para o público presente.
Texto: Alexandra Cavalcanti / Ascom TRE do Pará.
Foto: Thalles Puget / Ascom TRE do Pará.