O Centro Cultural da Justiça Eleitoral do Pará (CCJE-PA) está de portas abertas para o público visitar e conhecer “Triângulo das Águas”, exposição performática da artista paraense Bianca Amoras. A mostra recria um passeio pela caminhada mítica e espiritual da artista, passando por encantarias, paisagens e riquezas imateriais e hidrográficas do Norte e Nordeste brasileiros, em um triângulo que conecta as cidades de Belém e Marabá, no Pará, e Natal, no Rio Grande do Norte.

A vernissage, realizada na noite desta segunda-feira (20), contou com a presença do presidente do TRE do Pará, desembargador José Maria Teixeira do Rosário. “É fundamental que esta casa, zeladora da democracia e da cidadania, abra suas portas para expressões como ‘Triângulo das Águas’. Ao abrigarmos esta exposição, reforçamos nosso compromisso com a sensibilidade estética que a arte proporciona, dialogando com a realidade da nossa região”, afirmou o desembargador-presidente.

Selecionada no Edital de Pautas 2025 do CCJE, a mostra é um encontro poético e simbólico entre territórios e ancestralidade, por meio da água — elemento sagrado que, para os candomblecistas, simboliza vida, purificação e poder feminino. “A arte é fundamental para expressar nossas lutas e políticas sociais. E essa exposição também é uma forma de combate à intolerância religiosa e racial, se conectando com nossas pautas de equidade e diversidade”, destacou o diretor-geral do TRE do Pará, Bruno Giorgi Almeida.

Em fotoperformances, videoperformances e instalações, a autora mergulha pelas águas doces do Pará, seu estado natal, e do Rio Grande do Norte, onde reside atualmente. Candomblecista e mestre em Artes pela UFPA, Bianca ressalta que o trabalho é uma continuidade da investigação iniciada em 2017, no mestrado, e que resultou, em 2019, na exposição “Elemento TransitóRIO – Caminho de volta para o mar”, com curadoria de Orlando Maneschy.

“Desde a minha primeira exposição, uso meu corpo para alterar espaço e tempo em performances. A água é um tema que me conecta com minha ancestralidade, como filha de Oxum. É um processo intuitivo que envolve escrita, desenho e colagens. A mostra é uma oportunidade para revelar a multiplicidade da nossa cultura e das nossas águas”, ressaltou Bianca, destacando ainda que apresentar a exposição em uma casa da Justiça tem um significado especial, já que ela literalmente sonhou com esse momento.

No total, são 32 obras, incluindo registros fotoperformáticos de Charles Vasconcelos, Gilberto Guimarães, Bruno Kayodê, Bruna Garrido e Rayda Lima, impressos em tecidos. “A impressão em tecido ajuda a refletir a fluidez do trabalho e a relação com a água, pois o tecido traz movimento e dinâmica às peças, acrescentando mais uma camada de significado às fotoperformances”, explicou a curadora da exposição, Melissa Barberry.

“Triângulo das Águas” fica em cartaz na galeria do CCJE até 7 de janeiro de 2026. “Nossos editais visam promover a diversidade e a inclusão, contemplando várias formas de expressão artística. Por isso, a comissão de julgadores é composta por expoentes da literatura e da arte paraense. Já existe grande expectativa para a seleção do próximo ano, para que a Justiça Eleitoral continue apoiando os artistas amazônicos”, disse Nathalie Castro, coordenadora do Comitê Gestor do CCJE.

A entrada é gratuita. O horário de visitação é das 8h às 14h, de segunda a sexta-feira. O endereço é rua João Diogo, 254, bairro da Campina, em Belém.

Texto: Elissandra Batista / Ascom TRE do Pará.

Imagem: Leonardo Moraes / Ascom TRE do Pará.